O Processo – Franz Kafka

Sinopse

Joseph K. era um funcionário de um banco bem sucedido, com uma vida pacata e perfeitamente normal, quando um belo dia dois guardas batem-lhe à porta do quarto da pensão onde morava e informam-no que se encontra detido…“Mas então porquê?” – indaga K., ao qual apenas obteve a resposta “Não fomos encarregados de lho dizer”.
Em toda a história nunca chegamos a ter uma resposta quanto ao motivo da detenção de Joseph K. (mencionado ao longo do livro simplesmente como K.), e a princípio este nem leva o caso a sério, pensando que tudo aquilo não passa de uma encenação qualquer com o intuito de lhe pregarem uma partida.
Os guardas comem o pequeno almoço de K. descaradamente, fazem-no esperar no quarto até ser ouvido e depois e apresentam-no diante de um inspetor. Este informa K. que irá enfrentar um processo judicial, mas que continuará livre para ir trabalhar e levar a sua vida normal. Será chamado posteriormente para se apresentar em tribunal.
Este passa a ser convocado regularmente para se apresentar em audiências num tribunal de ambiente completamente sinistro e com cenas insólitas. A determinada altura é o tio de K. que se preocupa com o seu caso, e insiste que se arranje um advogado para o defender.
Aos poucos K passa a levar o seu processo um pouco mais a sério e começa a procurar formas de se livrar dele. Mas este arrasta-se demoradamente no tempo e torna-se um peso cada vez maior na vida de K., prejudicando mesmo o seu desempenho profissional no banco.

1. Fotografia de Kranz Kafka.

As minhas impressões de leitura

Quando lemos Franz Kafka, acho que é quase impossível deixar de nos sentirmos confusos e angustiados. No seu livro A metamorfose, pelo estranho facto de um belo dia o personagem principal acordar no seu quarto transformado num inseto! E neste livro, O Processo, porque nunca se chega a saber em toda a inteira história de que é afinal acusado Joseph K.
Kafka tem a capacidade de nos incomodar e criar desconforto com a sua escrita, criando um ambiente que ficou conhecido como kafkiano, mas que só é possível senti-lo lendo os seus livros.
Assim como em filmes, eu prefiro livros que não me deixem indiferente, e que de alguma forma tenham a capacidade de me fazer sentir alguma coisa, mesmo que isso me incomode, pois a riqueza da vida passa também pela diversidade de experiências.
Não quer dizer que eu deseje viver uma situação semelhante à de K, mas é como quando assistimos a um thriller,  há sempre algo que nos causa um certo prazer provocado por um “medozinho” que sabemos que é seguro por ser apenas um filme. É disso que eu gosto em livros e em filmes, da sua capacidade de me transportar para um universo diferente do quotidiano e que me provoque outras emoções!

Sobre o livro

O livro é uma obra inacabada, e foi grande amigo de Kafka, Max Broad, que ordenou os seus capítulos de uma forma que lhe parecia coerente, e que o publicou em 1925, após a morte do autor. Mas conhecemos o último capítulo, que foi o primeiro a ser escrito por Kafka.
Depois do último capítulo, que termina de uma forma abrupta e seca, e que eu senti de uma forma incompreensível e descontextualizada, são acrescentados excertos de capítulos e um apêndice com trechos que constavam na edição de 1925 preparada por Max Broad (eu li a edição do jornal Público, da coleção Mil Folhas). É então nestes excertos que se percebe como várias coisas ficaram por explicar, e daí a sensação no capítulo final de como é que se chegou aquele desenlace, que eu não vou revelar, mas que posso dizer que é um final inesperado…

Créditos das Imagens

Imagem de destaque: Franz Kafka (Domínio Público), via Wikimedia Commons
Imagem 1: Anónimo (o autor nunca revelou a sua identidade). Domínio Público, via Wikimedia Commons


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