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Herbert James Draper [Public domain], via Wikimedia Commons |
Em Julho de 2016 iniciei no canal do youtube o meu projecto de leitura e exploração do grande clássico, a Odisseia de Homero. Inicialmente previ fazer a leitura em 6 meses, um canto da obra por semana. Mas a exploração dos temas e histórias mitológicas tem sido tão rica e intensa, que tive de prolongar o projeto para 2017…
A análise de cada canto está foi feita em vídeo onde, além do resumo do poema, explorei um pouco as histórias da mitologia relacionadas com o texto.
Estas sinopses aqui do blogue servirão como complemento. Espero que sejam úteis aos leitores desta grandiosa obra.
O herói da Odisseia é Odisseu, cujo nome é derivado do grego. Em Portugal é tradição adotar-se a forma latina do nome, Ulisses.
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Ulisses na Ilha de Calipso |
Poderá ver o vídeo de apresentação do projeto aqui.
Poderá também ver a lista dos personagens e referências mitológicas que estão presentes na Odisseia neste artigo aqui.
Sinopses dos Cantos da Odisseia
Canto I
Ulisses encontra-se retido na ilha de Calipso.
Os deuses reúnem-se em concílio e Atena convence Zeus a ajudar na libertação de Ulisses e no seu regresso a casa, Ítaca.
Zeus diz que não é dos deuses que provêm as desgraças dos homens, mas são estes que as provocam. Refere Egisto que, com as suas acções, provocou a sua própria morte.
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Árvore genealógica de Egisto e Agamemnon |
Atena vai ao palácio de Ulisses em Ítaca onde encontra Telémaco. Atena convence Telémaco a partir em busca de notícias do seu pai.
Penélope é cortejada por vários pretendentes que rondam há vários anos o seu palácio e que consomem as riquezas de Ulisses.
Pode ver o vídeo de resumo do Canto I aqui.
Canto II
Telémaco reune os Aqueus em assembleia para tentar que os pretendentes de Penélope saiam da sua casa. Conta-se que há 3 anos Penélope tece uma mortalha para o seu sogro, Laertes, dizendo que no final irá escolher um marido. Mas Penélope desfaz a mortalha durante a noite, adiando assim a sua decisão.
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Pintura “Penélope e os pretendentes” (1912), de John William Waterhouse |
Haliterses profetiza que Ulisses não tardará a chegar e a matar os pretendentes. No entanto Eurímaco, que não acredita nessas profecias, diz que eles não vão desistir de fazer a corte a Penélope. Telémaco não consegue assim expulsar os pretendentes do seu palácio.
Atena ajuda Telémaco a partir em busca de notícias de seu pai.
Este canto inicia-se com os seguintes versos, repetidos em diversos outros locais do poema:
“Quando surgiu a que cedo desponta, a Aurora de róseos dedos (…)”.Analisando a sua genealogia, descobri que a deusa Eos é a personificação da Aurora.
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Árvore genealógica da deusa Eos (Aurora). |
Veja o vídeo de resumo do Canto II aqui.
Canto III
Em Pilos, Telémaco vai falar com Nestor para pedir-lhe notícias de seu pai. Nestor vai-lhe contar sobre alguns episódios que se passaram na guerra de Tróia e sobre a viagem de regresso.
Nestor relata a Telémaco o episódio da traição de Egisto e Clitmnestra a Agamémnon. No regresso da guerra de Tróia, Agamémnon havia sido morto pela sua mulher, Clitmnestra, e por Egisto. Mais tarde o seu filho, Orestes, vingou a morte do pai (ver árvore genealógica de Egisto e Agamémnon no canto I).
Nestor não tem notícias de Ulisses para dar a Telémaco, mas aconselha-o a ir falar com Menelau.
Veja o vídeo de resumo do Canto III aqui.
Canto IV
Telémaco vai visitar Menelau na Lacedemónia para lhe pedir notícias de seu pai. Ao chegar lá está a decorrer a festa de casamento dos 2 filhos de Menelau.
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Árvore genealógica de Menelau. |
Menelau, ao falar com Telémaco, recorda a sua viagem de regresso da guerra de Tróia, bem como os companheiros que perdeu em guerra. Telémaco chora ao ouvir falar do seu pai, e Helena, a esposa de Menelau, reconhece o filho de Ulisses.
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Pintura “Helena reconhece Telémaco” (1795), de Jean-Jacques Lagrenée. Cena do Canto IV da Odisseia |
O serão continua e são recordados os feitos de Ulisses, inclusive a sua estratégia do cavalo de Tróia que permitiu a vitória dos Aqueus.
Menelau conta a Telémaco que, na sua viagem, o velho do mar, Proteu, revelou-lhe que Ulisses encontra-se retido na ilha de Calipso, não tendo embarcação nem homens para regressar.
Entretanto, em Ítaca, os pretendentes de Penélope ao saberem que Telémaco viajou, planeiam uma armadilha para matá-lo no seu regresso.
Veja o vídeo de resumo do Canto IV aqui.
Canto V
Em concílio dos deuses, Zeus envia Hermes para avisar Calipso que deve libertar Ulisses para que este regresse à sua pátria, em Ítaca.
Calipso vê-se forçada a obedecer, e ajuda Ulisses a construir uma jangada para partir.
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Pintura “Calipso” de Henri Lehmann |
Quando Ulisses parte na jangada, Poseidon provoca uma tempestade no mar, dificultando a navegação do herói. Ino (Leucótea) e Atena ajudam Ulisses a enfrentar a tempestade. Ulisses consegue chegar a uma ilha, e adormece exausto na foz do seu rio.
Veja o vídeo de resumo do Canto V aqui.
Canto VI
Ulisses encontra-se adormecido na ilha dos Feaces, quando é despertado pela bela Nausícaa que brinca com as suas servas com uma bola. Nausícaa é a filha do rei dos Feaces, Alcínoo.
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Pintura a óleo (1888) de Ulisses e Nausícaa, por Jean Veber. Cena do Canto VI da Odisseia |
Nausícaa oferece a Ulisses roupas e comida, e guia-o até ao palácio do seu pai.
Veja o vídeo de resumo do Canto VI aqui.
Canto VII
Ao chegar ao palácio de Alcínoo, Ulisses implora que lhe arranjem um transporte para poder regressar à sua pátria. Antes sequer de saber o nome deste estrangeiro, a família de Alcínoo recebe-o com comida e bebida, e manda preparar os aposentos para ele passar a noite.
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Árvore genealógica da família de Alcínoo |
Antes de se deitarem, Ulisses conta a sua história desde a ilha de Calipso até à chegada aquela ilha.
Alcínoo garante a Ulisses que irá arranjar um transporte para a sua viagem.
Veja o vídeo de resumo do Canto VII aqui.
Canto VIII
Alcínoo organiza uma sessão de jogos para bem receber Ulisses. O herói demonstra aos Feaces a sua habilidade como lançador de disco.
Numa sessão de canto e de dança, o aedo Demódoco canta o episódio da traição de Afrodite com Ares.
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Afrodite e Ares supreendidos por Hefesto. Pintura a óleo de Alexandre Charles Guillemot. |
O aedo canta também o episódio do Cavalo de Tróia que relembra a Ulisses os companheiros de luta que perdeu. Ulisses chora amargamente com essa lembrança, e Alcínoo, vendo-o naquele estado, pergunta-lhe finalmente o seu nome.
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Ulisses no palácio de Alcínoo. Pintura de Francesco Hayez |
Veja o vídeo de resumo do Canto VIII aqui.
Canto IX
Ulisses começa a narrar a Alcínoo e aos Feaces as peripécias que passou na viagem de regresso da guerra de Tróia. Primeiro foi parar à Trácia onde viviam os Cícones, onde Ulisses e os companheiros saquearam a cidade.
Da ilha dos Lotófagos, Ulisses teve de forçar os companheiros a partir antes que estes comessem as flores de Lótus.
Já na ilha dos Ciclopes, Ulisses teve de planear a sua fuga da gruta de Polifemo, onde ele e 12 dos seus companheiros haviam ficado presos, antes que o monstro os devorasse a todos.
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Ulisses na gruta de Polifemo. Pintura de Jakob Jordaens |
Veja o vídeo de resumo do Canto IX aqui.
Canto X
Ulisses continua a sua narrativa da viagem de regresso de Tróia.
Depois da ilha dos Ciclopes, Ulisses e os companheiros passam pela ilha de Éolo, onde este deus os ajuda na sua viagem pelo mar. Mas os companheiros de Ulisses cometem uma imprudência com consequências no seu regresso a casa.
Depois da ilha dos Ciclopes, Ulisses e os companheiros passam pela ilha de Éolo, onde este deus os ajuda na sua viagem pelo mar. Mas os companheiros de Ulisses cometem uma imprudência com consequências no seu regresso a casa.
Na ilha dos Lestrígones são perseguidos por estes gigantes antropófagos, que lhes atiram enormes pedregulhos.
Quando chegam à ilha de Circe, os companheiros de Ulisses são transformados em porcos pela feiticeira, e mais uma vez Ulisses tem de intervir para conseguir libertar os seus homens.
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Circe oferece a taça a Ulisses. Pintura de John William Waterhouse |
Ao fim de um ano na ilha de Circe, esta revela a Ulisses como poderá ele chegar à mansão do Hades e falar com o adivinho Tirésias, para que este lhe mostre a forma mais segura de regressar à sua pátria.
Veja o vídeo de resumo do Canto X aqui.
Canto XI
Continua a narrativa de Ulisses aos Feaces das suas aventuras.
Ulisses chega ao reino do Hades, onde encontra, além do adivinho Tirésias e a sua própria mãe, muitas almas com muitas histórias para contar.
Ulisses chega ao reino do Hades, onde encontra, além do adivinho Tirésias e a sua própria mãe, muitas almas com muitas histórias para contar.
O adivinho Tirésias instrui Ulisses sobre as dificuldades que irá encontrar no seu regresso a casa, sobre os pretendentes que rodeiam a sua mulher, Penélope, e sobre a forma de efectuar a sua vingança sobre aqueles.
Ulisses encontra a sua mãe e emociona-se. Anticleia encontra-se naquele local pois não suportou as saudades que sentiu do filho, ausente na guerra de Tróia.
Ali no Hades, Ulisses vê:
– Tiro
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Árvore genealógica de Tiro |
– Antíope
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Árvore genealógica de Antíope |
– Alcmena
– Mégara
– Epicasta (Jocasta)
– Clóris
– Leda
– Ifimedeia
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Árvore genealógica de Ifimedeia |
– Fedra, Pócris e Ariadne
– Mera, Clémene e Érifile
– Agamémnon
– Aquiles, Pátroclo, Antíloco e Ajáx
– Minos
– Oríon
– Títio (ou Tício)
– Tântalo
– Sísifo
– Héracles
Veja o vídeo de resumo do Canto XI aqui.
Canto XII
Ulisses ainda está na ilha dos Feaces a contar a Alcínoo a sua história e aventuras desde a partida de Tróia.
Depois de chegar do reino do Hades, na ilha de Eia, são feitas as cerimónias fúnebres a Elpenor.
Aconselhado por Circe, Ulisses pede para o amarrarem ao mastro do navio quando passam pelas sereias. Assim consegue ouvi-las sem ceder aos seus encantos.
Depois Ulisses ainda enfrenta os terríveis monstros de Cila e Cáridbis antes de chegar à ilha de Hiperíon, o deus sol, onde os seus companheiros cometem a loucura de comer do seu gado.
Veja o vídeo de resumo do Canto XII aqui.
Depois de chegar do reino do Hades, na ilha de Eia, são feitas as cerimónias fúnebres a Elpenor.
Aconselhado por Circe, Ulisses pede para o amarrarem ao mastro do navio quando passam pelas sereias. Assim consegue ouvi-las sem ceder aos seus encantos.
Depois Ulisses ainda enfrenta os terríveis monstros de Cila e Cáridbis antes de chegar à ilha de Hiperíon, o deus sol, onde os seus companheiros cometem a loucura de comer do seu gado.
Veja o vídeo de resumo do Canto XII aqui.
Canto XIII
Depois de contar as suas aventuras a Alcínoo, Ulisses embarca e chega finalmente a Ítaca, com a ajuda dos Feaces. Posídon vinga-se dos Feaces, rodeando a sua cidade com uma grande montanha.
Atena surge a Ulisses, oferecendo-lhe uma preciosa ajuda.
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Atena (I, Sailko [GFDL (http://www.gnu.org/copyleft/fdl.html) or CC BY-SA 3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)], via Wikimedia Commons) |
Veja o vídeo de resumo do Canto XIII aqui.
Canto XIV
Ulisses, disfarçado de mendigo, reencontra o seu porqueiro, Eumeu, e inventa-lhe várias histórias sobre o seu passado e sobre a sua chegada a Ítaca.
Canto XV
Atena vai ter com Telémaco para o aconselhar a regressar a Ítaca. Depois das cerimónias de despedida, Telémaco embarca em Pilos, levando consigo Teoclímeno.
Entretanto, Eumeu conta a Ulisses histórias do seu passado, e de como ele foi parar a Ítaca há muitos anos atrás.
Veja o vídeo de resumo dos Cantos XIV e XV aqui.
Canto XVI
Telémaco encontra-se com o pai na casa do porqueiro onde se revela ao filho. Ulisses combina com Telémaco o seu plano de vingança sobre os pretendentes.
Canto XVII
Telémaco regressa ao palácio onde a sua mãe, Penélope, lhe questiona sobre notícias de Ulisses. Telémaco diz-lhe que soube que Ulisses se encontra retido na ilha de Calipso.
A caminho do palácio, Ulisses depara-se com uma situação tensa com Melanteu.
Antes de entrar no palácio disfarçado de mendigo, o cão de Ulisses reconhece-o. Já dentro do palácio, os pretendentes dão comida ao "mendigo", à excepção de Antínoo que demonstra a atitude mais arrogante.
Veja o vídeo de resumo dos Cantos XVI e XVII aqui.
Canto XVIII
Um outro mendigo, o Iro, aparece no palácio e injuria Ulisses. Os dois mendigos, Iro e Ulisses, têm uma luta.
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Ulisses combate o mendigo (Lovis Corinth [Public domain], via Wikimedia Commons) |
A situação no palácio revela-se cada vez mais tensa.
Canto XIX
Telémaco retira as armas do salão do palácio para preparar a vingança.
Penélope interroga Ulisses sem o reconhecer. Penélope não acredita que Ulisses vá regressar algum dia.
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Penélope interroga Ulisses (Johann Heinrich Wilhelm Tischbein [Public domain], via Wikimedia Commons) |
Veja o vídeo de resumo dos Cantos XVIII e XIX aqui.
Canto XX
Penélope está inconsolável com a ausência de Ulisses.
A tensão continua a crescer no palácio.
O aparecimento de uma águia segurando uma pomba, traz um mau presságio.
Canto XXI
Penélope manda alinhar os machados para a competição de arco e flecha. A sua promessa é de casar com quem conseguir atirar com o arco de Ulisses, fazendo passar a seta entre 12 machados alinhados.
Vários tentam empenhar o arco de Ulisses sem sucesso. Ulisses empenha o seu arco fazendo passar a seta pelos 12 orifícios.
Veja o vídeo de resumo dos Cantos XX e XXI aqui.
Vários tentam empenhar o arco de Ulisses sem sucesso. Ulisses empenha o seu arco fazendo passar a seta pelos 12 orifícios.
Veja o vídeo de resumo dos Cantos XX e XXI aqui.
Canto XXII
A vingança de Ulisses sobre os pretendentes é concretizada.
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A vingança de Ulisses sobre os pretendentes de Penélope (Christoffer Wilhelm Eckersberg [Public domain], via Wikimedia Commons) |
As servas que desonraram Ulisses são sacrificadas.
Canto XXIII
Penélope vai falar com Ulisses sem acreditar ao início que é ele que regressou. Depois de uma conversa, Penélope finalmente reconhece o marido ausente há 20 anos.
No dia seguinte, Ulisses parte para ir ter com o seu pai, Laertes.
Veja o vídeo de resumo dos Cantos XXII e XXIII aqui.
Canto XXIV
As almas dos pretendentes chegam ao Hades. Aí, Aquiles, Agamémnon, Pátroclo, Antíloco e Ajáx recordam a morte do herói Aquiles na guerra de Tróia.
Anfimedonte conta-lhes as circunstâncias que os levaram ao Hades.
Entretanto, Ulisses tem um encontro com o seu pai.
Atena impede o confronto entre os familiares dos pretendentes e de Ulisses, impondo a paz vindoura.
Veja o vídeo final, do Canto XXIV aqui.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NO PROJETO:
Homero (2005). Odisseia. Livros Cotovia e Frederico Lourenço. Lisboa.
Joel Schmidt (2015). Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Edições 70. Lisboa
Joel Schmidt (2015). Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Edições 70. Lisboa
Robert Graves (1990). Os mitos gregos (vol 1, 2 e 3). Publicações Dom Quixote. Lisboa
Mário da Gama Kury. Dicionário de mitologia grega e romana. Zahar. Rio de Janeiro
Mário da Gama Kury. Dicionário de mitologia grega e romana. Zahar. Rio de Janeiro
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